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Aspirina – de resfriado a dores musculares

Escrito por: Miguel A. Medeiros
Revisado em: 27 de junho de 2015

Aspirina

Resfriados, dores de cabeça, dores musculares, inflamações e gripe. Qual é a solução para estes problemas?

Aspirina é a solução. Isso é o que os comerciais de TV anunciam. Quem nunca viu um dos comerciais da Aspirina? Acredito que todos os que assistem TV. Entretanto, o que é a Aspirina? Aspirina é uma marca registrada, pertencente a Bayer, empresa alemã de produtos químicos e farmacêuticos.  Esta marca, Aspirina, é um medicamento utilizado para diversos fins terapêuticos, tais como: analgésico, anti-inflamatório e desplaquetador sanguíneo (faz o sangue ficar mais líquido, mas “fino”).

Caso você já tenha assistido um comercial deste medicamento, deve ter notado uma advertência em seu final. Esta é uma advertência que deve ser considerada, pois como dito, a Aspirina pode ralear o sangue e um caso de Dengue simples pode se transformar em Dengue hemorrágica (sangramento  sem coagulação do sangue). As plaquetas são as responsáveis pela coagulação sanguínea.

Princípio Ativo da Aspirina

O seu uso é somente benéfico?

O princípio ativo da Aspirina é o Ácido Acetil-Salicílico (AAS), que faz parte do grupo de medicamentos chamado NSAID’sNon Steroidal Anti – Inflamatory Drugs ou drogas não esteroidal anti-inflamatórias.

O membro mais comum dos NSAID’s é o ácido acetil-salicílico, cujo uso como medicamento iniciou-se no fim do século XIX.

Desde 400 a.C., era de conhecimento que a febre poderia ser baixada ao mastigar um pedaço de casca de Salgueiro. O agente ativo presente na casca desta planta foi identificado em 1827. O composto aromático Salicina estava presente como agente ativo e possui a capacidade de se transformar em álcool salicílico, por simples hidrólise. O álcool salicílico, por sua vez, pode ser oxidado a ácido salicílico.

O ácido salicílico possui alta e efetiva ação sobre redução de febres, com atuação analgésica e anti-inflamatória. Entretanto, descobriu-se que ele possui alta ação corrosiva para as paredes estomacais. Sendo assim, o seu uso não não é recomendado com freqüência diária.

Como estratégia para reduzir a ação corrosiva do ácido salicílico, o grupo -OH ligado ao anel aromático é convertido a éster acetato, originando o  ácido acetil-salicílico (AAS), que pode ser visualizado a seguir. Essa alteração estrutural fornece um composto com menor ação, no entanto, menos corrosivo.

álcool salicílico ácido salicílico  ácido acetil-salicílico (Aspirina)
A corrosão da parede estomacal se dá pela passagem de íons H+ pela parede estomacal, o que provoca irritação, podendo gerar uma ulceração.

Como a AAS é um ácido fraco, quando em meio fortemente ácido (como dentro do estômago, pH~1), a sua base conjugada, o íon acetilsalicilato, reage com o H+ e forma a molécula neutra. A membrana celular é permeável somente a moléculas neutras, então, a molécula neutra de AAS atravessa a parede celular do estômago. Nessa nova região a concentração de H+, [H+], é menor do que no estômago (meio é mais básico), então o AAS se ioniza, aumentando a [H+] no interior da membrana, provocando assim, sangramentos, ulcerações e irritações gástricas.

O fato é que a absorção terapêutica da Aspirina, ou melhor, do ácido acetil-salicílico, é realizada no intestino, ou seja, só quando o AAS estiver no intestino é que a ação analgésica e anti-inflamatória terá efeito. A absorção realizada no estômago não apresenta efeito terapêutico.

Em um comprimido de Aspirina há 400 mg de ácido acetil-salicílico (AAS), quantidade relativamente pequena, mas de efeito terapêutico razoável. Para uma criança, a ingestão de 15 gramas de AAS pode ser fatal. Sendo assim, a Aspirina é mais perigosa do que se pensa e se vê nos comerciais de TV.

Um outro problema relatado ao uso deste medicamento é a Síndrome de Reye, um problema com sintomas de gripe, que ataca principalmente crianças e adolescentes.

 Alternativas ao uso de Aspirina

Alternativas ao uso do ácido acetil-salicílico, são outros NSAID’s, o ibuprofeno e o naxopreno.

O ibuprofeno é quase tão potente quanto o AAS, sendo menos propenso a causar distúrbios estomacais. Muitos atletas utilizam este medicamento como um “grupo básico de alimentos“, devido a sua ação anti-inflamatória e anti-dor.

O naxopreno é tão potente quanto o AAS, mas possui um diferencial, permanece ativo no organismo por um tempo superior a 5 vezes o tempo de permanência do AAS.

Ibuprofeno – encontrado nos remédios Advil, Motrin e Nuprin.  Naxopreno – encontrado nos remédios Naprosin e   Aleve.
Referência Bibliográfica
1
Embalagem de Aspirina C, sabor limão, efervescente. Bayer S.A., São Paulo. 
2– PERUZZO, T.,M., CANTO E.,L., Química, 1ª edição, volume único; São Paulo, Editora Moderna, 1999.

O Brasil é um dos poucos países do mundo que ainda utiliza o Ácido Acetil-Salicílico (AAS). Em países desenvolvidos, ibuprofenonaxopreno substituíram o AAS por serem menos danosos ao organismo.